quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DISCÍPULOS DE QUEM?

DISCÍPULOS DE QUEM MESMO?

Por Luiz Carlos Sturm

É comum ouvirmos a expressão “meus discípulos”, referindo-se ao vínculo de cuidado e cobertura espiritual existentes entre nós, conhecido como “discipulado”. Quando ouço esta expressão logo me vem à mente: “Discípulos de quem mesmo? Você não está querendo dizer: Discípulos de Jesus?”

É claro que, no dia a dia, nos acostumamos a certas maneiras de falar, que acabamos incorporando a nossa linguagem, sem darmos o devido peso. Mas será que é apenas isto? Será que não devemos examinar nosso coração, verificando se o nosso falar é simplesmente uma maneira de expressão ou se ocultamos, mesmo sem percebermos, algo de errado em nossos vínculos de discipulado? Afinal, foi Jesus que disse: “A boca fala daquilo que o coração está cheio”.(Mateus 12.34).

Não raro, falta o entendimento completo da ordem de Jesus de “fazer discípulos em todas as nações”. (Mateus 28.19). Jesus mandou fazer discípulos dele e não nossos discípulos. Ele é o supremo mestre e, ao fazermos discípulos, é para ele que o fazemos. Se não entendermos isto com clareza, nos perderemos num caminho insuportável para nós e para nossos vínculos. Quando não entendemos o verdadeiro sentido do discipulado, corremos o risco de sermos seduzidos pelo autoritarismo e domínio sobre nossos irmãos. Uma sutil atitude de posse passa a ocupar o lugar do salutar discipulado a Cristo, prendendo o discípulo ao discipulador e não a Jesus Cristo. Como o fulano é “meu discípulo”, pode surgir aí um horrível controle sobre ele, querendo impor opiniões ou direções que nada tem a ver com o saudável discipulado e que expressam mais domínio do que serviço em amor. É insuportável para o discípulo, mas também é uma carga terrível para o discipulador, porque ninguém pode ocupar sem prejuízos o lugar que pertence somente a Jesus Cristo.

Quaisquer expectativas de reconhecimento pessoal e que ultrapassem o reto encargo de cooperador de Cristo na formação de discípulos correm o risco de serem frustradas, causando muitas tristezas e decepções. Que o Senhor nos guarde disto!

O domínio de pessoas por pessoas nunca esteve no coração de Deus. No princípio, quando o Senhor determinou a esfera de domínio do homem recém criado, Ele foi bem claro: “dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra”. (Gênesis 1.28). Que eu saiba, nenhum ser humano tem penas ou escamas próprias de peixes, aves e outros animais.

E Eva? Será que Adão dominava sobre ela? Ouça o que Adão declarou quando viu a sua esposa pela primeira vez: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne”. (Gênesis 2.23). Adão e Eva se percebiam como uma extensão de si mesmos e não como outra pessoa. O primeiro casal tinha uma unidade perfeita à imagem perfeita da unidade da Trindade, o Deus Eterno. Não existia qualquer domínio entre eles antes do pecado, apenas mútua cooperação. Quando o primeiro casal pecou, está unidade foi rompida: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus”.(Gen 3.7). Foi por causa do pecado que Adão viu Eva como outra pessoa (não mais como extensão de si mesmo) e por isto também percebeu sua nudez. O domínio de Adão sobre Eva ordenado por Deus (Gen.3.16) foi conseqüência do pecado e necessário para manter um mínimo de ordem ao meio do caos gerado pela queda do homem. Em outras palavras: o domínio do homem pelo homem é conseqüência da queda do homem, mas Jesus veio para nos salvar e nos resgatar de todas funestas conseqüências e maldições do pecado, incluindo esta.

Quando Paulo tratou deste assunto em Gálatas 5, fica clara a restauração da sujeição de “uns aos outros no temor de Cristo. (Gálatas 5.21)” , como ordem geral, incluindo a sujeição da esposa ao marido (Gal.5.22). No âmbito da restauração de todas as coisas, o Senhor quer a volta da unidade do casal, onde um e outro se vêem como extensão de si mesmos: “Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo". (Gálatas 5.28). Paulo claramente instruiu o marido a ver sua esposa como extensão de si mesmo” ,como a seu próprio corpo “, onde prevalece a sujeição e cooperação mútua, mas nenhum domínio”.

A expressão da autoridade é inerente a Igreja, mas Jesus, nosso Senhor, nunca impôs sua autoridade. Ele era reconhecido como tendo autoridade pela maneira como vivia. As pessoas devem reconhecer a autoridade de Cristo em nós, através do nosso procedimento e não por tentativas de domínio. A autoridade de Jesus é reconhecida pelo amor e pelo serviço. Jesus nos ensinou: ... antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve”. (Lucas 22:26). E quando eventualmente não recebermos nenhum reconhecimento e mesmo quando formos rejeitados, não seja isto motivo para desistirmos, mas de renovarmos nossa disposição de continuarmos sendo servos do Senhor e de nossos irmãos em Cristo. Nos vínculos de discipulado não pode ser diferente.

Certamente estamos sendo chamados para voltarmos a ver nossos irmãos como extensão de nós mesmos, como membros de um mesmo corpo, onde acontecem a sujeição mútua e a cooperação de todos (Romanos 12.1 a 5). No corpo, a comunidade dos discípulos, só existe uma cabeça, que é Cristo. Devemos buscar um compartilhar de dores e alegrias, em que o sofrimento do meu irmão é o meu sofrimento e o sucesso do meu irmão é motivo de exultação geral.

Que o Espírito Santo nos ilumine e ajude neste propósito!

Um comentário:

Unknown disse...

FAZER DISCÍPULOS UMA TAREFA QUE O SENHOR JESUS NOS PEDIU...PODIA CONTAR COM ANJOS, MAS CONFIOU EM NÓS QUE REALMENTE O ESPÍRITO SANTO NOS AJUDE NESTA EMPREITADA,POIS, SEM ELE NADA SOMOS E NADA PODEMOS FAZER...
DEVEMOS SER COMO VASOS USADOS NAS MÃOS DO OLEIRO E NÃO QUERER SER OLEIROS....
PERDER A NOSSA VIDA POR AMOR AO EVANGELHO NÃO É FÁCIL, MAS PARA ONDE IREMOS NÃO EXISTE OUTRO CAMINHO QUE NOS LEVE A SALVAÇÃO A NÃO SER JESUS SEGUINDO SEU PASSOS, SERVINDO, AMANDO COMO ELE AMAVA E AMA....É O MÍNIMO QUE PODEMOS FAZER POR ELE....POIS PAGOU UM PREÇO CARÍSSIMO POR ISSO....LOUVADO SEJA DEUS PELA SUA GRAÇA, PELA SUA MISERICÓRDIA, PELO SEU AMOR.....