sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A VIDA NORMAL DA IGREJA

Watchman Nee
"...devemos voltar ao começo, à “gênese” da história da Igreja".
Não havia nenhuma idéia de criticar o trabalho de outros, nem mesmo fazer-lhes sugestões sobre a maneira de conduzir a obra de Deus. Estávamos simplesmente procurando aprender por meio da Palavra de Deus, da experiência e da observação, como conduzir a obra nos dias vindouros, de maneira que pudéssemos ser obreiros “aprovados por Deus”.Paulo escreveu a epístola aos Efésios, mas também escreveu a epístola aos Coríntios, e esta epístola se nos apresenta com as verdades da epístola aos Efésios em expressão prática. Os ensinos aos Coríntios são práticos e tocam a esfera terrestre, por isso, se houver a mais leve diferença de opinião, sente-se de imediato uma reação. A epístola aos Coríntios é muito prática. Ela é um teste à nossa obediência mais do que a epístola aos Efésios!Ele julgou necessário instruir-nos por meio de Atos, Coríntios e Timóteo sobre a forma de realizar sua obra e organizar sua Igreja.A liderança do Espírito é preciosa, todavia, se não houver exemplo na Palavra, será fácil substituir essa liderança por nossos pensamentos falíveis e sentimentos infundados, resvalando no erro, sem reconhecê-lo. Se alguém não se dispõe a obedecer à vontade de Deus em todos os sentidos, é fácil praticar atos contrários à sua Palavra e ainda imaginar que está sendo conduzido por seu Espírito. Acentuamos a necessidade de seguir tanto a liderança do Espírito como os exemplos da Palavra, porque ao comparar nossos caminhos com a Palavra escrita podemos descobrir a fonte de nossa liderança.Assim, Deus nunca poderia agir de um modo numa ocasião e de outro modo mais tarde. As circunstâncias, bem como os casos, podem diferir, mas, em princípio, a vontade e os caminhos de Deus são exatamente os mesmos dos dias de Atos. Se quisermos entender a vontade de Deus para sua Igreja, então devemos voltar ao começo, à “gênese” da história da Igreja, e a igreja nos dias de Paulo é a “gênese” da obra do espírito. O Cristianismo está edificado não apenas sobre preceitos, mas também sobre exemplos.
OS APÓSTOLOS
O Termo “Filho” relaciona-se com a sua pessoa; o nome “Cristo” tem relação com seu ofício. Ele era o Filho de Deus, mas foi enviado para ser o Cristo de Deus. “Cristo” é o nome ministerial do Filho de Deus.
Os DozeNão eram voluntários; foram enviados. Não é preciso insistir no fato de que todo o trabalho divino é feito por comissão e não por escolha.
Os Apóstolos nos tempos BíblicosO Espírito Santo veio para assumir toda a responsabilidade pela obra de Deus na terra. O filho estava a serviço do Pai; o Espírito está a serviço do Filho. O filho veio para realizar a vontade do Pai; o Espírito veio para realizar a vontade do Filho. O Filho veio para glorificar o Pai; o Espírito veio para glorificar o Filho. Portanto o Pai designou a Cristo para ser o Apóstolo; o Filho, enquanto na terra, designou os doze para serem apóstolos. O Filho voltou para o Pai, e agora o Espírito está na terra designando outras pessoas para serem apóstolos.
Os apóstolos mencionados em Efésios 4 não são, evidentemente, os doze originais, pois estes foram designados quando o Senhor ainda estava na terra, enquanto aqueles tiveram a sua nomeação para o apostolado depois da ascensão do Senhor.Os doze apóstolos eram, na época, os seguidores pessoais do Senhor Jesus, mas os apóstolos agora são ministros para a edificação do Corpo de Cristo. Devemos diferenciar claramente entre os apóstolos que foram testemunhas da ressurreição de Cristo (At 1.22,26), e os apóstolos que agora são ministros para edificação do Corpo de Cristo.
Quem, pois, são apóstolos? Apóstolos são obreiros de Deus, que o Espírito Santo envia para fazer a obra para a qual ele os chamou. A responsabilidade pelo trabalho está nas mãos deles.Examinemos agora o ensino das Escrituras no tocante aos apóstolos.Em 1 Co 4.9, lemos: “Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar.” Rm 16.7: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos.”1 Ts 2.7: “Embora pudéssemos (nós), como enviados de Cristo, exigir de vós a nossa manutenção.” Aqui o “nós” se refere claramente aos escritores da carta aos Tessalonicenses, a saber ,Paulo, Silvano e Timóteo (1.1), o que indica que os dois jovens colaboradores de Paulo também eram apóstolos. Paulo jamais alegou que era o último apóstolo e que, depois dele não houve outros. Queira o leitor ler cuidadosamente o que ele disse; “e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim... Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo” (1Co 15.8,9) No livro do Apocalipse, onde o autor fala dos efésios, lemos: “puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos” (2.2).
O Significado do Apostolado Uma vez que o significado da palavra “apóstolo” é “o enviado”, é evidente que apostolado significa o ofício daquele que é enviado. Os apóstolos não são, antes de tudo, pessoas de dons especiais; são obreiros de especial incumbência. Os apóstolos eram pessoas dotadas, porém seu apostolado não se baseava em seus dons; baseava-se na sua comissão. Nosso Senhor disse: “Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o apóstolo (a palavra no grego) maior do que aquele que o enviou” (Jo 13.16). Temos aqui uma definição do termo “apóstolo”. Significa ser enviado – só isso e tudo isso. Não importa quão boa seja a intenção humana, ela nunca pode ocupar o lugar da comissão divina. Hoje, os que foram enviados pelo Senhor para pregar o Evangelho e estabelecer igrejas se chamam missionários, não apóstolos; mas a palavra “missionário” é a mesmíssima coisa que “apóstolo”, isto é, “enviado”. É a forma latina do equivalente grego “apóstolo”. Uma vez que o significado das duas palavras é exatamente o mesmo, não vemos por que os verdadeiros enviados de nossos dias preferem chamar-se “missionários”, em vez de “apóstolos”.
Apóstolos e o MinistérioApóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres são dons de nosso Senhor à sua Igreja para servir no ministério. Estritamente falando, pastores e mestres constituem um único Dom, e não dois, porque ensinar e pastorear se relacionam intimamente. Na enumeração dos dons, apóstolos, profetas e evangelistas estão mencionados separadamente, enquanto pastores e mestres se acham ligados. Além disso, os três primeiros são precedidos das palavras “uns” e “outros”, ao passo que a palavra “outros” está vinculada a pastores e mestres – “uns apóstolos”, “outros profetas”, “outros evangelistas”, e “outros pastores e mestres”; aqui temos “outros pastores e outros mestres”. O fato de a palavra “outros” (inclusive a palavra “uns”) estar empregada apenas quatro vezes nesta lista, indica que há somente quatro classes de pessoas em questão. Pastores e mestres são duas em uma.
astorear e ensinar podem ser considerados como um só ministério, porque os que ensinam deve também pastorear, e os que pastoreiem devem também ensinar. Os dois tipos de trabalho se acham inter-relacionados. Ademais, a palavra “pastor”, aplicada a qualquer pessoa, não se encontra em nenhuma outra parte no Novo Testamento, mas a palavra “mestre” é empregada em quatro ocasiões diferentes. Em nenhum lugar na Palavra de Deus encontramos qualquer pessoa citada como pastor. Isto confirma o fato de que pastores e mestres constituem uma só classe de pessoas.
Mestres são pessoas que recebem o Dom de ensinar. Não se trata de um Dom miraculoso, mas de um Dom de graça, o que explica o fato de sua comissão estar na lista dos dons de graça em Romanos 12. É um Dom de graça que capacita seus possuidores a entender os ensinos da Palavra de Deus e discernir seus propósitos, e assim os prepara para instruir seu povo em questões doutrinais. Na igreja de Antioquia havia diversas pessoas com tal preparo, inclusive Paulo. Os mestres são indivíduos que receberam o Dom de ensinar o que é de Cristo, e o Senhor deu-os à sua Igreja para edificação desta. O trabalho dos mestres é interpretar para outros as verdades que lhes foram reveladas e guiar os crentes a uma compreensão da Palavra de Deus. Sua esfera de ação está, principalmente, entre os filhos de Deus, embora, às vezes, também ensinem aos que não estão salvos (1 Tm 4.11; 6.2; 2Tm 2.2; At 4.2-18; 5.21,25,28,42). O trabalho deles é mais de interpretação que de revelação, enquanto o trabalho dos profetas é mais de revelação que de interpretação.
Os evangelistas também são dons do Senhor à sua Igreja, mas não sabemos exatamente quais são seus dons pessoais. A Palavra de Deus não fala de qualquer Dom evangelístico; refere-se a Filipe como evangelista (At 21.8), e Paulo, numa determinada ocasião estimulou Timóteo a fazer a obra de um evangelista e cumprir cabalmente seu ministério (2Tm 4.5). Afora as três ocasiões mencionadas nas Escrituras, estas não trazem o substantivo evangelista, embora freqüentemente encontremos o verbo derivado da mesma raiz.
Na Palavra de Deus, o lugar dos profetas se acha definido mais claramente do que o dos mestres e evangelistas. A profecia é mencionada entre os dons de graça (Rm 12.6) e também entre os dons miraculosos (1Co 12.10). Deus estabeleceu profetas na Igreja universal (1Co 12.28), mas também deu profetas para o ministério (Ef 4.11). Existe tanto o Dom de profecia como o ofício de profeta. Profecia é tanto um Dom de milagre quanto um Dom de graça. O profeta é uma pessoa estabelecida por Deus em sua Igreja para ocupar o ofício profético, e é também uma pessoa que o senhor deu à sua Igreja para o ministério.
Das classes de pessoas dotadas que o Senhor concedeu à sua Igreja para edificá-la, os apóstolos eram muito diferentes das outras três. Deus as comissionou especialmente para fundarem igrejas pela pregação do Evangelho, para trazerem revelação de Deus a seu povo, para tomarem decisões em assuntos pertinentes à doutrina e ao governo, e para edificarem os santos e distribuírem os dons. Tanto no sentido espiritual quanto geográfico, sua esfera de ação é vasta. Que a posição deles é superior à dos profetas e mestre evidencia-se pela Palavra: “A uns estabeleceu Deus na igreja, principalmente apóstolos” (1 Co 12.28).É importante observar que o apostolado é um ofício, não um Dom. Ofício é aquilo que alguém recebe como resultado de uma incumbência; Dom é o que se recebe pela graça: “Para isto fui designado... apóstolo” (1Tm 2.7). “Para o qual eu fui designado... apóstolo (2 Tm 1.11). Aqui vemos que o apóstolo é comissionado. É nisto que ele difere dos outros três ministros, embora possa Ter recebido o Dom profético e, deste modo, seja profeta e apóstolo.
Sobre Dons e Ministérios“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e o outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo espírito, fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, capacidade para interpretá-las” (1 Co 12.8-10). Esta passagem nos proporciona uma lista de todos os dons que o Espírito santo concedeu às pessoas, porém não inclui Dom apostólico. “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1 Co 12.28). A primeira passagem enumera os dons concedidos a indivíduos; a Segunda enumera os dons concedidos à Igreja. Na primeira não há menção de qualquer Dom apostólico; na Segunda verificamos que “apóstolos” encabeçam a lista dos dons de Deus à Igreja. Não é que Deus tenha dado à sua Igreja o Dom do apostolado, e sim que deu a ela pessoas que são apóstolos; e Ele não concedeu os dons de profecia e ensino à sua Igreja, mas deu-lhe algumas pessoas como profetas e algumas como mestres.
A Esfera do TrabalhoPodemos encontrar profetas e mestres na igreja local, mas apóstolos não, porque eles foram chamados para ministrar em muitos lugares diferentes, enquanto o ministério dos profetas e mestres se limita a uma localidade (1 Co 14.26,29).A pregação local do Evangelho é trabalho de um evangelista, mas a pregação universal do Evangelho é trabalho de um apóstolo.
Evidência do ApostoladoExiste qualquer evidência de que alguém seja realmente comissionado por Deus para ser apóstolo? Em 1 Co 9.1-2 Paulo declara que o apostolado tem suas credenciais: “Vós sois o selo do meu apostolado no Senhor” Onde quer que tenhamos o comissionamento de Deus, aí teremos autoridade de Deus; onde quer que tenhamos autoridade de Deus, aí teremos o poder de Deus; e onde quer que tenhamos o poder de Deus, aí produziremos frutos espirituais.Mas o apostolado tem suas credenciais. Em 2 Co 12.11-12, Paulo escreve: “Porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos... Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos.”
Persistência é a maior prova de poder espiritual, e é um dos sinais do apóstolo. É a capacidade de suportar com firmeza, sob pressão contínua, o que confirma a realidade de um chamado apostólico. O verdadeiro apóstolo precisa ser “fortalecido com todo o poder, segundo a força de sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria” (Cl 1.11).
A SEPARAÇÃO E OS MOVIMENTOS DOS APÓSTOLOS
A igreja de Antioquia é a igreja modelo que temos na Palavra de Deus, por Ter sido a primeira a operar após a formação das igrejas para os judeus e, em seguida, para os gentios.Não é de somenos importância o fato de que “Em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos” (At 11.26). Foi lá que pela primeira vez se manifestaram claramente as características peculiares aos cristãos e à Igreja cristã, motivo pelo qual ela pode considerar-se como a igreja-modelo para a presente dispensação.
O Chamado do Espírito SantoNos dois primeiros versículos de Atos 13, lemos: “Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaén, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
O Espírito Santo só envia a outras partes os que já estão equipados, para a obra e estão investidos de responsabilidade onde se encontram, não aqueles que estão escondendo seus talentos e negligenciando as necessidades locais, enquanto sonham algum dia futuro receber o chamado para um serviço especial.
Foi ao chamado divino que eles responderam, e não ao chamado das necessidades humanas. Quando Barnabé e Saulo foram enviados, primeiramente o Espírito os chamou, depois os irmãos confirmaram o chamado. Se você tem de ser enviado, então você é que tem de ouvir primeiro. A primeira exigência na obra divina é um chamado divino.
Separação de ObreirosTodos os apóstolos devem Ter uma revelação pessoal da vontade de Deus, mas fazer apenas dessa revelação a base de sua ida não é suficiente. Portanto, Deus falou a um grupo representativo da igreja, a pessoas de experiência espiritual, totalmente devotados aos interesses da causa.O Espírito Santo é quem toma a iniciativa tanto no chamar como na separação dos obreiros. Portanto, se os irmãos representativos de qualquer assembléia separam pessoas para o serviço do Senhor, devem perguntar a si próprias: Estamos fazendo isto por nossa própria iniciativa ou representando o Espírito de Deus?Dois aspectos de sua separação para o serviço de Deus. De um lado, deve haver um chamado direto de Deus e um reconhecimento pessoal desse chamado. De outro lado, deve haver confirmação do chamado pelos membros representativos do Corpo de Cristo. A primeira coisa que devemos reconhecer é que Deus incorporou todos os seus filhos num só Corpo.Quando falamos de um só corpo, encarecemos a unidade, a harmonia da vida de todos os filhos de Deus; quando falamos de seus muitos membros, encarecemos a diversidade de funções nessa unidade. A característica do primeiro é vida; a característica do segundo é trabalho. Num corpo físico os membros diferem uns dos outros; entretanto, eles funcionam como se fossem um só, porque partilham uma só vida e têm a edificação do corpo todo como seu único objetivo.Visto que o Corpo de Cristo tem esses dois aspectos diferentes – vida e ministério (ou serviço) – consequentemente ele tem duas manifestações exteriores. A igreja é usada, numa localidade, para expressar os ministérios de seus membros. Em outras palavras, cada igreja local deveria funcionar como órgão do Corpo, considerando-se como expressão da unidade da vida do corpo, e não deveria sob pretexto algum admitir divisão, já que ela existe como manifestação de uma vida indivisível. Os vários ministros da igreja devem, semelhantemente, manter sua posição no Corpo, considerando-se como expressão da unidade de seus variados ministérios ou serviços. A perfeita camaradagem e cooperação devem caracterizar toda a atividade deles, pois, embora suas funções sejam diversas, seu ministério é realmente um só.É fato firmado que as igrejas constituem a expressão local do Corpo de Cristo, por isso não precisamos entrar no mérito dessa questão aqui; mais alguma explicação se faz necessária com vistas aos ministros dotados a quem Deus colocou na igreja como expressão do ministério do Corpo. Em 1 Co 12, Paulo considera claramente o problema do serviço cristão. Ele compara os obreiros a diferentes membros de um corpo, e mostra que cada membro tem sua função específica, e todos servem ao corpo pertencendo a ele e não apartados dele. No v. 27 ele escreve: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”; e no versículo seguinte ele diz: “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorro, governos, variedades de línguas”. Um estudo desses dois versículos deixa claro que os ministros dotados do v. 28 são os membros do v. 27, e que a igreja do v. 28 é o Corpo do v. 27; portanto, o que os ministros são para a igreja, os membros são para o Corpo. Os ministros dotados são os membros funcionantes do Corpo, e todas as operações que eles realizam, realizam-nas como membros. Eles são para a igreja o que as mãos, os pés, a boca e a cabeça são para o corpo físico. Eles estão no Corpo, servindo a ele pelo uso daquelas faculdades, que como membros eles possuem.Ao ler 1 Co 12.28, não se pode deixar de ficar impressionado com a notável diferença entre a discrição dos primeiros três dons e os cinco restantes. Paulo, mediante inspiração do Espírito, tem especial cuidado em enumerá-lo “primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro lugar mestres”. Os três primeiros estão especificamente enumerados; não assim os restantes; eles são totalmente distintos em sua natureza assim como em números. Os três primeiros são pessoas, os restantes são elementos. Os três primeiros dons do Senhor à sua Igreja – apóstolos, profetas e mestres – ficam à parte dos demais. Eles são ministros da Palavra de Deus, e sua função – edificar o Corpo de Cristo – é a mais importante na Igreja. Eles são dos representantes do ministério do Corpo.O único registro bíblico do envio de apóstolos encontra-se em Atos 13, e ali vemos que os profetas e os mestres é que os separam para o ministério. As escrituras não abrem precedente para a separação e o envio de obreiros por um ou mais indivíduos, ou por qualquer missão ou organização; mesmo o envio de obreiros por uma igreja local é coisa desconhecida na Palavra de Deus. O único exemplo que ali temos é a separação e o envio de apóstolos pelos profetas e mestres. Qual é o significado disto? Em Antioquia Deus escolheu os profetas e mestres para separarem a Barnabé e a Saulo para seu serviço, porque eles eram membros ministrantes da igreja, e esta separação dos apóstolos foi uma questão de ministério antes que de vida. Tivesse ela relação com a vida, e não especificamente com o serviço, então ela teria sido preocupação da igreja local toda, e não meramente de seus membros ministrantes. Note-se, porém, que embora Barnabé e Saulo não fossem separados para a obra pela igreja toda, eles foram enviados não representantes de uns poucos membros escolhidos, mas como representantes de todo o Corpo. A separação deles pelos profetas e mestres implica que eles não partiam orientados por linhas individualistas, ou à base de qualquer organização; eles tinham por base o ministério do Corpo. A ênfase, como vimos, estava no ministério e não na vida, mas era um ministério representativo de toda a Igreja e não de qualquer departamento particular seu.Enviando a Barnabé e Saulo, tendo Antioquia como ponto de partida, os profetas e mestres não defendiam nenhuma “igreja” ou toda; eram apenas um grupo de servos de Deus. Não traziam nenhum nome especial, não se achavam vinculados a nenhuma organização em particular, e não estavam sujeitos a nenhuma norma estabelecida. Simplesmente se submeteram ao controle do Espírito e separaram aqueles a quem Ele havia separado para a obra a que Ele os chamou. Eles mesmos não eram o Corpo, mas estavam na posição do Corpo e sob a autoridade da Cabeça. Sob essa autoridade, e nessa base, eles separaram apóstolos; e sob a mesma autoridade, e na mesma base, outros podem fazer a mesma coisa. A separação de apóstolos segundo este princípio significará que os homens enviados podem diferir o tempo e o lugar de seu envio; desde, porém, que tudo esteja sob a direção da única Cabeça, e na base do único Corpo, não haverá divisão. Se Antioquia envia homens à base do Corpo, e Jerusalém procede igualmente, ainda haverá unidade interior a despeito de toda diversidade exterior. Quão maravilhoso seria se não houvesse representantes de diferentes corpos terrenos, mas unicamente representantes do Corpo, o Corpo de Cristo.Devemos cuidar para que nosso trabalho não se realize em base menor do que o Corpo de Cristo. Se não for assim, perderíamos a Chefia de Cristo, pois Cristo não é o Chefe de qualquer sistema, missão ou organização: Ele é a Cabeça da Igreja. Nas Escrituras não encontramos nenhum vestígio de organização humanas enviando homens para pregar o Evangelho. Só encontramos representantes do ministério da Igreja, sob orientação do Espírito e à base do Corpo, enviando aqueles que o Espírito já havia separado para a obra. “Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também João como auxiliar. Havendo atravessado toda a ilha de Pafos, encontraram certo judeu, mágico” (At 13.4-6).
OS ANCIÕES DESIGNADOS PELOS APÓSTOLOS
Apóstolos e Anciãos Anciãos eram homens locais designados para supervisionar as atividades na igreja local. Sua esfera de ação limitava-se à localidade. Um ancião em Éfeso. Nas escrituras não há apóstolos locais, nem há anciãos extra-locais. Em parte alguma a Palavra de Deus fala de apóstolos dirigindo os assuntos de diversas igrejas locais. Os apóstolos eram ministros de todas as igrejas, porém não tinham o controle de nenhuma. Os anciãos se limitavam a uma só igreja e controlavam os negócios dessa igreja. O dever dos apóstolos era fundar igrejas. Uma vez estabelecida uma igreja, toda a responsabilidade passava para os anciãos locais, e a partir daí os apóstolos não exerciam controle algum sobre seus assuntos. Toda administração estava nas mãos dos presbíteros, e se eles achassem que estava certo, podiam, até mesmo, recusar que um apóstolo entrasse em sua igreja.
Suas responsabilidades Compete a cada pessoa salva servir ao Senhor segundo sua capacidade e em sua própria esfera. Deus não designa anciãos para fazerem a obra em favor de seus irmãos. Após a designação de anciãos, assim como antes, ainda é dever e privilégio dos irmãos servir ao Senhor. Os anciãos também são chamados “bispos” (At 20.28; Tt 1.5,7). O termo “prebístero” se relaciona com a pessoa deles, o termo “bispo”, com o seu trabalho. “Bispo” significa “supervisor”, e um supervisor não é aquele que trabalha em lugar de outros, mas aquele que supervisiona outros enquanto trabalham. Deus tencionava que cada cristão fosse um “obreiro cristão”, e Ele designou alguns para supervisão da obra, de sorte que ela pudesse ser levada avante eficientemente. Jamais esteve na mente divina que a maioria dos crentes se dedicassem exclusivamente a negócios seculares e deixasse os negócios da igreja para um grupo de especialistas espirituais. Não há como exagerar este ponto. Anciãos não constituem um grupo de homens contratados para fazer o trabalho da igreja em lugar de seus membros; eles são apenas os chefes que superintendem os assuntos. Compete-lhes estimular os que ficam para trás e conter os precipitados, jamais fazendo a obra em lugar deles, mas simplesmente orientando-os na sua execução. A responsabilidade de um ancião se relaciona com as questões temporais e espirituais. Eles são eleitos para “governar”, e também “instruir” e “pastorear”. “Devem ser considerados merecedores de dupla honra os presbíteros que presidem bem, especialmente os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.17). “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho” (1Pe 5.2-3). A Palavra de Deus usa o termo “governar” (ou presidir) em relação às responsabilidades de um presbítero. O ordenamento do governo da igreja, a administração dos assuntos e o cuidado das coisas materiais se acham sob seu controle. Devemos lembrar-nos, porém, de que uma igreja bíblica não se constitui de um grupo de irmãos ativos e outros irmãos passivos, aqueles controlando estes e estes submetendo-se simplesmente ao controle daqueles; ou os primeiros arcando com todo o peso, enquanto os segundos se acomodam à vontade para desfrutar o benefício do trabalho deles. “...cooperem os membros com igual cuidado, em favor uns dos outros” é o propósito de Deus para sua Igreja (1 Co 12.25). Cada igreja segundo o próprio coração de Deus traz o selo de “um outro” em toda sua vida e atividade. Mas, a responsabilidade deles não se relaciona apenas como o lado material dos assuntos da igreja. Se Deus os equipou com dons espirituais, então eles devem ter também responsabilidade espiritual. Paulo escreveu a Timóteo: “Devem ser considerados merecedores de dobrada honra os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.17) . É responsabilidade de todos os presbíteros controlar os assuntos da igreja, mas os que têm dons especiais (como os de profecia ou ensino) estão livres para o exercício desses dons com vistas à edificação espiritual da igreja. Quanto ao lado espiritual da obra, os presbíteros ajudam a edificar a igreja não somente pela pregação e pelo ensino, mas pelo trabalho pastoral. Pastorear o rebanho é trabalho peculiar dos anciãos. Paulo disse aos presbíteros de Éfeso; “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus” (At 20.28). E Pedro escreveu no mesmo estilo aos presbíteros entre os santos da Dispersão: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós” (1 Pe 5.2). O conceito atual de pastores está muito afastado do que Deus pensava. O pensamento de Deus era que os homens escolhidos dentre os irmãos locais pastoreassem o rebanho, e não que homens vindos de outros lugares pregassem o evangelho, fundassem igrejas e depois ficassem para cuidar dessas igrejas.
A Pluralidade de AnciãosEsse trabalho de governar, ensinar e pastorear o rebanho, que como vimos, é trabalho especial dos anciãos, não recai sobre um homem somente em qualquer lugar. Nas Escrituras vemos que sempre houve mais de um ancião ou bispo numa igreja local. Se a administração da igreja toda recai sobre um só homem ele facilmente se torna presunçoso, julgando-se superior ao que é, e impedindo os demais irmãos (3 Jo). Deus ordenou que diversos anciãos juntos partilhem a obra da igreja, de sorte que nenhum indivíduo tenha poder para dirigir as coisas segundo seu próprio prazer, tratando a igreja como se fosse propriedade particular seu e deixando a marca de sua personalidade sobre toda a vida e trabalho da igreja. Colocar a responsabilidade nas mãos de diversos irmãos antes que nas mãos de um só indivíduo é a forma que Deus tem de salvaguardar sua Igreja contra os males que resultam da dominação de uma personalidade forte.
AS IGREJAS FUNDADAS PELOS APÓSTOLOS
A Igreja e As IgrejasA Palavra de Deus nos ensina que a Igreja é uma só. Então, por que os apóstolos fundaram igrejas separadas em cada um dos lugares que visitaram? Se a Igreja é o Corpo de Cristo, ela só pode ser uma. Então, como é que falamos de Igrejas?A palavra “igreja” significa “os convocados”. “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Que igreja é essa? Pedro confessou que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, e nosso Senhor declarou que Ele edificaria sua Igreja sobre esta confissão – a confissão de que, quanto à sua Pessoa, Ele é o Filho de Deus, e, quanto à sua obra, Ele é o Cristo de Deus. Essa Igreja compreende todos os salvos, sem referência a tempo ou espaço, isto é, todos quantos, no propósito de Deus, são redimidos por virtude do sangue derramado do Senhor Jesus, e nasceram de novo pela operação de seu Espírito. Esta é a Igreja universal, a Igreja de Deus, o Corpo de Cristo. “E se ele não os atender, dize-o à Igreja” (Mt 18.17). A Palavra “igreja” é empregada aqui num sentido totalmente diferente daquele em Mateus 16.18. A esfera da igreja aqui mencionada na passagem anterior. A Igreja ali é uma Igreja que nada sabe de tempo ou lugar, mas a igreja aqui está obviamente limitada tanto pelo tempo como pelo lugar, pois ela é uma igreja que pode ouvir você falar. A Igreja mencionada no capítulo 16 inclui todos os filhos de Deus em cada localidade, enquanto a igreja mencionada no capítulo 18 inclui somente os filhos de Deus que vivem numa localidade; e porque ela se limita a um só lugar é que se torna possível a você relatar suas dificuldades aos crentes que a compõem. Evidentemente, a igreja aqui é local, não universal.Temos, perante nós, dois aspectos da Igreja nitidamente diferentes – a Igreja e as igrejas, a Igreja universal e as igrejas locais. A Igreja é invisível; as igrejas são visíveis. A Igreja não tem organização; as igrejas são organizadas. A Igreja é espiritual; as igrejas são também espirituais e também físicas. A Igreja é puramente um organismo; as igrejas são um organismo, mas ao mesmo tempo, são organizadas, o que se vê pelo fato de os presbíteros e os diáconos desempenharem ofício ali.
A Base das IgrejasO que é uma igreja do Novo Testamento? Não é um edifício, um salão para evangelização, um centro de pregação, uma missão, um trabalho, uma organização, um sistema, uma denominação ou uma seita. É uma reunião, em conjunto, para adoração, oração, companheirismo e edificação mútua, de todo o povo de Deus numa determinada localidade, com base no fato de que eles são cristãos que vivem na mesma localidade, e na devida proporção eles devem anunciar o que a Igreja deveria anunciar. Eles são o Corpo de Cristo naquela localidade, por isso têm de aprender a andar sob a chefia do Senhor e a manifestar unidade entre todos os membros, precavendo-se cuidadosamente contra o cisma e a desunião.
A BASE DE UNIÃO E DIVISÃO
A Unidade Do EspíritoA Igreja de Deus inclui um vasto número de crentes, que vivem em épocas diferentes e se acham espalhados em diferentes lugares por toda a terra. Como aconteceu que todos foram unidos numa só Igreja Universal? Com tal dessemelhança de idade, posição social, educação, antecedentes, perspectivas e temperamento, como poderiam todas essas pessoas tornar-se uma só igreja? A unidade cristã não é produto humano; sua origem é puramente divina. Esta poderosa e misteriosa unidade está plantada no coração de todos os crentes desde o momento em que eles receberem o Senhor. É a “unidade do Espírito” (Ef 4.3).O Espírito que habita no coração de cada crente é um só Espírito; portanto Ele faz que sejam um todos aqueles em que Ele habita, da mesma maneira como Ele é um. Os Cristãos podem diferir uns dos outros por muitas formas, porém todos os cristãos, de todos os tempos, com suas incontáveis diferenças, tem esta semelhança fundamental – o Espírito de Deus habita em cada um deles. Este é o segredo da unidade dos crentes, e é o segredo de sua separação do mundo. Esta unidade inerente é que faz que todos os crentes sejam um, e esta unidade inerente é que responde pela impossibilidade de divisão entre os crentes, exceto por motivos geográficos.
Não podemos fazer esta unidade, já que pelo Espírito somos um em Cristo, e não podemos quebrá-la, porque é um fato eterno em Cristo, mas podemos destruir seus efeitos, de sorte que se perca sua expressão na igreja.
Sete Fatores Na Unidade Espiritual “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.4-6).
1 - Um Corpo.A questão da unidade começa com a questão de torna-se membro do Corpo de Cristo. O âmbito de nossa comunhão é o âmbito do Corpo. Os que se acham fora deste âmbito não têm afinidade espiritual conosco, mas todos os que estão dentro se acham em comunhão conosco. Não podemos fazer qualquer escolha de comunhão no Corpo, aceitando alguns membros e rejeitando outros. Somos todos parte de um só Corpo, e nada nos pode separar dele, ou uns dos outros. Qualquer pessoa que recebeu a Cristo pertence ao Corpo, e Ele e nós somos um.
2 – Um Espírito. Se alguém procura comunhão conosco não importa que ele seja diferente de nós em experiência ou perspectiva; contanto que tenha o mesmo Espírito que temos, ele tem direito de ser recebido como irmão. Se ele recebeu o Espírito de Cristo, e nós também, então somos um no Senhor e nada deve dividir-nos.
3 – Uma Esperança.Esta esperança, que é comum a todos os filhos de Deus, não é uma esperança geral, mas a esperança de nossa vocação, a qual é estar com o Senhor para sempre na glória. Não há uma só alma que seja verdadeiramente do Senhor e que não tenha no coração esta esperança, porquanto Ter Cristo em nós é Ter “esperança da glória” (Cl 1.27). Todos quantos compartilhamos esta única esperança somos um, e visto que temos esta esperança de estarmos juntos na glória por toda a eternidade, como podemos estar divididos no tempo?
4 – Um Senhor. Há somente um Senhor, o Senhor Jesus, e todos quantos reconhecem que Deus fez a Jesus de Nazaré Senhor e Cristo são um nele. Se alguém confessa que Jesus é Senhor, então seu Senhor é nosso Senhor, e visto que servimos ao mesmo Senhor, não há o que nos possa separar.
5 – Uma Fé.A fé aqui mencionada é a fé – não nossas crenças com vistas à interpretação das Escrituras, mas a fé pela qual fomos salvos, que é a possessão comum de todos os crentes, isto é, a fé que nos diz que Jesus é o Filho de Deus (que morreu para a salvação dos pecadores e vive de novo para dar vida aos mortos). Os filhos de Deus podem seguir muitas linhas diferentes de interpretação bíblica, mas quanto a esta fé básica eles são um.
6 – Um Batismo. É por imersão ou por aspersão? É unitário ou trinitário? Há vários modos de batismo aceitos pelos filhos de Deus, por isso, se fizermos a forma de batismo a linha divisória entre os que pertencem à igreja e os que não pertencem, excluiremos muitos verdadeiros crentes de nossa comunhão. Há filhos de Deus que acreditam mesmo que não é necessário um batismo material, mas, visto que são filhos de Deus não ousamos, por esse motivo, excluí-los de nossa comunhão. Qual é então o significado de “um só batismo”, mencionado neste texto? Paulo lança luz sobre o assunto em sua primeira carta aos Coríntos. “Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós, ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo”? (1.13). A ênfase não está no modo de batismo, porém no nome em que somos batizados. Se alguém é batizado no Nome do Senhor, eu o recebo de bom grado como meu irmão, seja qual for o modo de seu batismo. Pôr isso não queremos dizer que é de somenos importância se somos batizados por aspersão ou imersão, ou se nosso batismo é literal, e por imersão, mas o ponto aqui é que o modo de batismo não é a base para nossa comunhão, mas o Nome em que somos batizados. Todos quantos são batizados no nome do Senhor são um nele.
7 – Um Deus. Cremos no mesmo Deus pessoal, sobrenatural, como nosso Pai? Se cremos, então pertencemos a uma só família, e não há motivo suficiente para estarmos divididos. Os sete pontos acima são os sete fatores que se encontram na unidade divina, que é a possessão de todos os membros da família divina, e constituem a única prova de profissão cristã. Se impomos quaisquer condições de comunhão além dessas sete – que são apenas o resultado da única vida espiritual – então somos culpados de sectarismo, porque estamos estabelecendo divisão entre os que são manifestamente filhos de Deus. Se exigimos qualquer prova exceto essas sete, estamos impondo condições além daquelas estipuladas na Palavra de Deus. Todos quanto possuem esses sete pontos em comum conosco são nossos irmãos, sejam quais forem sua experiência espiritual, suas opiniões doutrinárias, ou as relações “eclesiásticas”. Nossa unidade se baseia no fato real de sermos um, o que se torna real em nossa experiência pela habitação do Espírito de Cristo.
Igrejas LocaisEm sua natureza a Igreja é indivisível, assim como Deus é indivisível. Portanto, a divisão da Igreja em Igrejas não é uma divisão em natureza, vida ou essência, mas apenas quanto a governo, organização e administração. Visto como a igreja terreal se compõe de um vasto número de indivíduos, é indispensável certa dose de organização. Constitui impossibilidade física para todo o povo de Deus, espalhado por todo o mundo, viver e reunir-se num só lugar; e é só por esse motivo que a Igreja de Deus se dividiu em igrejas. Qualquer divisão dos filhos de Deus que não seja geográfica, significa não meramente uma divisão de esfera de trabalho, mas uma divisão de natureza. A divisão local é a única que não toca a vida da Igreja.
1 - Lideres Espirituais.“Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo” (1 Co 1.12). Aqui Paulo ressalta a carnalidade dos crentes Coríntios, tentando dividir a igreja de Deus em Corinto, a qual era indivisível por ordenação divina, sendo já a menor unidade bíblica sobre a qual poderia estabelecer-se qualquer igreja. Procuravam dividir a igreja tendo por base uns poucos líderes que Deus havia usado especialmente no meio deles. Cefas era um zeloso ministro do Evangelho, Paulo era um homem que havia sofrido muito por amor a seu Senhor, e Apolo era aquele a quem Deus certamente usara em seu serviço, mas ainda que os três tivessem estado, indiscutivelmente, nas mãos de Deus em Corinto, Deus jamais permitiria que a igreja ali fizesse deles uma base de divisão.
2 - Instrumentos de Salvação. Os líderes espirituais não são motivo suficiente para dividir a igreja; também não são motivo bastante os instrumentos que Deus usa em nossa Salvação. Alguns dos crentes de Corinto se diziam “de Cefas”, outros “de Paulo”, outros “de Apolo”. Eles vinculavam o começo de sua história espiritual a esses homens, e assim pensavam que pertenciam a eles. É tão natural quanto comum que as pessoas salvas pela instrumentalidade de um obreiro, ou se uma sociedade, se considerem pertencentes a tal obreiro ou sociedade. Da mesma maneira, é natural e comum que um indivíduo ou uma missão, por cujos meios as pessoas foram salvas, consideram os salvos como lhes pertencendo. É natural, porém não espiritual. É comum, mas nem por isso deixa de ser contrário à vontade de Deus. As igrejas se dividem com base na geografia e não com base nos instrumentos de salvação.
3 - Não-sectarismo. Alguns cristãos julgam que sabem melhor do que dizer “eu sou de Cefas”, ou “eu sou de Paulo”, ou “eu sou de Apolo”. Dizem “eu sou de Cristo”. Tais cristãos desprezam os outros como sectários, e por esse motivo começam outra comunidade. Sua atitude é: vocês são sectários, eu não. Vocês são cultuadores de heróis, nós adoramos somente o Senhor. Mas, a Palavra de Deus não apenas condena os que dizem “eu sou de Cefas”, ou “eu sou de Paulo”, ou “eu sou de Apolo”. Ela denuncia de maneira muito definida e clara aqueles que dizem “eu sou de Cristo”. Não é errado considerar-se como pertencendo só a Cristo. É certo e essencial mesmo. Nem é errado repudiar todo cisma entre os filhos de Deus; é altamente recomendável. Deus não condena esta classe de cristão por qualquer dessas duas coisas; Ele os condena pelo próprio pecado que eles condenam nos demais – seu sectarismo. Como protesto contra a divisão entre os filhos de Deus, muitos crentes procuram afastar aqueles que não se dividem apartando-os dos que o fazem, sem jamais imaginarem que eles mesmos são divisores! A base que eles tomam para divisão pode ser mais plausível do que a de outros que dividem por causa de diferenças doutrinárias ou preferências pessoais por certos líderes, mas permanece o fato de que eles estão dividindo os filhos de Deus. Mesmo quando repudiam o cisma onde ele ocorra, eles são cismáticos. Dizem: “Eu sou de Cristo”. Querem dizer que os outros não são? É perfeitamente legítimo que digais “eu sou de Cristo”, se sua observação significa simplesmente a quem pertencem; contudo, se significa “eu não sou sectário; estou numa posição muito diferente de vocês, sectários”, então ela está estabelecendo diferença entre eles e os demais cristãos. A própria idéia de distinguir entre os filhos de Deus tem suas origens na natureza carnal do homem e é sectária. Qual, pois é o certo? Toda exclusividade está errada. Toda inclusividade (dos verdadeiros filhos de Deus) está certa. As denominações não são bíblicas e não devemos Ter parte nelas, porém, se adotamos uma atitude de crítica e pensamentos: Eles são denominacionais; eu sou interdenominacional; eles pertencem a seitas eu pertenço a Cristo só – tal diferenciação é, definitivamente, sectária. Nossa posição pessoal deveria ser interdenominacional, mas a base de nossa comunhão não é interdenominacionalismo. Nós mesmos devemos ser não-sectários, mas não ousamos insistir no não-sectarismo como condição de comunhão. Nossa única base de comunhão é Cristo. Nossa comunhão deve ser com todos os crentes numa localidade, não meramente com todos os crentes não-sectários nessa localidade. Eles podem estabelecer diferenças denominacionais, mas nós não devemos fazer exigências ininterdenominacionais. O denominacionalismo ou sectarismo deles significa que são impostas severas limitações ao Senhor no que tange a seu propósito e mente em relação a eles, e isto significará que nunca irão além de certa medida de crescimento e plenitude espirituais. Bênçãos pode haver, mas plenitude do propósito divino nunca. 4 - Diferenças Doutrinárias.No grego, a palavra traduzida “facções” em Gl 5.20 não traz, necessariamente, a idéia de erro, e, sim de divisão por causa de doutrina. O Novo Testamento Interlinear traduz a palavra como “seitas”, enquanto Darby, em sua nova tradução, emprega “escolas de opinião”. A idéia total aqui não é de diferença entre verdade e erro, mas de divisão baseada em doutrina. Meu ensino pode estar certo ou errado, mas se ele se torna causa de divisão, então sou culpado de “heresia” (ou facção), de que se fala aqui. Deus proíbe qualquer divisão em base doutrinária. Alguns acreditam que o arrebatamento será pré-tribulação, outros acreditam que será pós-tribulação. Alguns acreditam que todos os santos entrarão no Reino, outros acreditam que somente uma parte entrará. Alguns crêem que o batismo é por imersão, outros que é por aspersão. Alguns crêem que as manifestações sobrenaturais são conseqüência necessária do batismo do Espírito Santo, enquanto outros não crêem. Nenhuma dessas opiniões doutrinais constitui base bíblica para separar os filhos de Deus. Embora alguns estejam certos e outros errados, Deus não sanciona qualquer divisão por causa da diferença quanto a crenças ou questões secundárias, além das verdades fundamentais da fé. Se um grupo de crentes se separa de uma igreja local em seu zelo por certo ensino de acordo com a Palavra de Deus, a nova “igreja” que estabelecem pode ter mais ensino bíblico, mas nunca poderia ser uma igreja nos termos bíblicos.
5 - Diferenças raciais. “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1 Co 12.13). Os judeus sempre tiveram o mais forte preconceito racial de todos os povos. Eles consideravam as outras nações como impuras e eram proibidos, até mesmo, de comer com elas. Mas Paulo deixou muito claro, escrevendo aos Coríntios, que na Igreja tanto judeu como gentio são um. Todas as distinções “em Adão” foram abolidas “em Cristo”. Uma “igreja” racial não tem reconhecimento na Palavra de Deus. Filiação à igreja se determina pelo domicílio, não pela raça.
7 - Distinções Sociais. No tempo de Paulo havia, de um ponto de vista social, um grande abismo entre um homem livre e um escravo; no entanto, eles adoravam lado a lado na mesma igreja. Em nosso tempo, se um humilde puxador de jinriquizá e o Presidente de nossa República viverem ambos na mesma cidade, então eles pertencem à mesma igreja. Pode haver missão para os puxadores de jinriquixá, mas nunca uma igreja para eles. As distinções sociais não constituem base suficiente para formar uma igreja separada. Na igreja de Deus não há “escravo nem livre”. Nas Escrituras temos esses sete elementos definidos a que nos referimos, que Deus proíbe como motivos para dividir sua Igreja. Na verdade, esses sete pontos são apenas típicos de todos os demais motivos que a mente humana pode imaginar para dividir a Igreja de Deus. Os dois milênios de história da Igreja são um triste relato das invenções humanas para destruir a sua unidade.
VencedoresNo segundo e terceiro capítulos de Apocalipse, vemos sete diferentes igrejas em sete diferentes localidades. Somente duas não foram censuradas, mas louvadas, pelo Senhor. As outras cinco se encontravam em estado lamentável. Eram igrejas fracas, derrotadas, mas para todos os efeitos eram igrejas, não seitas. Espiritualmente estavam erradas, mas a posição delas era correta; portanto, Deus somente mandou que os que se encontravam nelas fossem vencedores. O Senhor não disse uma palavra sobre deixar a igreja. Vocês não podem deixar a igreja local – devem permanecer nela. Se são mais espirituais do que outros membros, então devem usar sua influência espiritual e sua autoridade em oração para restaurar essa igreja. Se a igreja não reage, só lhes restam duas alternativas: ou ficam ali, mantendo-se incontaminados, ou então devem fixar domicílio em outro lugar.
Extraído do Livro “A Vida Cristã Normal”

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

NOVAS DE GUINÉ-CONACRI

RELATO DAS ATIVIDADES DA IGREJA EM GUINÉ-CONACRI:
Costura:
Está funcionando perto da nossa casa, temos três alunas que estão aprendendo a costurar, passam todo o dia de segunda a sexta no atelier.
Nosso objetivo principal é aproveitar a oportunidade para pregar o Evangelho, já que a maioria não abre a sua casas para ouvir e tão pouco tem coragem de freqüentar as reuniões. Também atendemos os clientes que chegam.
Para se matricular é necessário levar uma quantia simbólica de 1.000,00 (mil francos guineensses) cerca de cinqüenta centavos de reais e um pouco de cola, um fruto que é usado também segundo a tradição como símbolo de contrato.

Atelier de sofás:
Pablo e Fôrmo estão progredindo a cada dia, temos visto o Senhor fazê-los prosperar. Oramos para que o Senhor traga “alunos”. Muitos têm vindo, mas..., não tem permanecido o tempo suficiente para ouvir a Palavra e esse é um bom motivo de oração.
Através de Pablo e Fôrmo outros jovens tem sido fortalecidos na fé.

Nossas reuniões:
Acontecem nos sábados e domingos.
No domingo temos tido uma freqüência de trinta e sete pessoas.
Sábado pela manhã nos reunimos com a família Etiêno, Angeline (esposa), Grace (filha de meses) e Etiêno (Pai), juntamente com outros irmãos que moram perto da nossa casa. Logo depois à tarde o irmão Etiêno vai ao km 236 reunir-se com os irmãos que moram lá, esse também é um motivo de oração, pois precisamos que o Senhor envie obreiros para a sua grande Seara. E no domingo estamos todos no km 236 apartir das 9:00 da manhã.

Batismo:
Tinhamos pensado fazer no mês passado , mas não deu , estamos orando para que seja possível no próximo mês.

Ceia:
Domingo passado comemoramos juntos e foi muito especial. Estamos realizando todos os meses.

Jovens:
Estão mostrando frutos!
Estamos vendo o crescimento da parte de muitos, muito embora oramos para que todos cresçam e dêem muitos frutos.
Ontem um deles (Gbadé Kalivogui) 15 anos precisou fazer com urgência uma cirurgia de apêndicite, orem pela sua recuperação.


Com amor,
Mohamed e Tânia

domingo, 7 de outubro de 2007

AFINAL, O QUE CARACTERIZA O VERDADEIRO REAVIVAMENTO?

Algumas marcas podem ser detectadas nos verdadeiros reavivamentos trazidos por Deus através da história. Além das características que John Stott nos apresenta em sua definição acima, gostaria de traçar alguns breves e limitados pontos no que concerne ao verdadeiro reavivamento:
A) O verdadeiro reavivamento traz toda honra a Deus. A figura humana não aparece, Deus é que é admirado. Os holofotes estão em Deus, em Sua pessoa, Seu caráter, Sua santidade, Seu poder, Sua honra e Sua glória. O arbítrio humano dá lugar à soberania divina. O homem reconhece que não passa de “um caco de barro no meio de outros cacos” – Isaías 45:9 Edwards disse que: “nenhum avivamento ou experiência religiosa é genuína se não realçar esse Deus sublime em sua soberania, graça e amor”. Ele advertiu contra dois grandes erros no avivamento. Primeiro, o mero emocionalismo. Segundo é dar ênfase não a Deus, mas às respostas humanas. O reavivamento que não se preocupa com a glória suprema de Deus não é reavivamento é aviltamento. Alguns líderes quando estão falando de Deus, geralmente procuram incutir na mente das pessoas aquilo que Deus jamais diria. Eles dizem: “Deus vai fazer isso amanhã”; “No próximo culto Deus vai operar e vai batizar, curar, etc”; “Vamos fazer uma semana de reavivamento e vocês irão ver Deus fazendo maravilhas”. Não estou dizendo que Deus não pode fazer, Ele faz o que quiser e não pede licença ao homem. O que estou dizendo é que Deus não trabalha de acordo com a agenda humana. Lamento informar, mas Deus não nos deu a Sua agenda de amanhã, muito menos da semana que vem.
B) O verdadeiro reavivamento expõe as verdades antigas do evangelho. Avivamento sem retorno às verdades da Palavra de Deus não passa de aviltamento. Charles Spurgeon certa vez disse o seguinte: “Nada há de novo na teologia, exceto o que é errado” .
C) O verdadeiro reavivamento leva os cristãos à profunda santidade . Conseqüentemente a Igreja cresce em quantidade e qualidade. A primeira não fica em detrimento a segunda. É verdadeira mudança no comportamento.
D) O verdadeiro reavivamento traz abertura, convicção, quebrantamento, confissão e arrependimento do pecado. É descoberta toda podridão do coração depravado do homem, ele sente a nojeira do pecado e é levado a refugiar-se na graça de Cristo. Grande parte dos cristãos de hoje não sabem nada sobre o pesar do coração em contrição à santidade de Deus. Os puritanos falavam de “agonizar “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno. Salmo” – 139:23,24.
E) O verdadeiro reavivamento traz uma nova vida à ação missionária da Igreja. Reacende a chama por missões. O amor ao perdido é reanimado pela ação irresistível do Espírito Santo. Traz mudança na sociedade em que a Igreja está inserida. Amados, tenhamos cuidado para não querermos “produzir reavivamento” no intuito de agradar aos homens, granjear ovações e considerações que não servem para nada, senão, para acariciamento do ego e inchamento da nossa natureza carnal. Lembrem-se: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus”.
Nenhum homem pode “produzir” reavivamento. Todo “reavivamento” produzido pelo homem é, sem sombra de dúvidas, aviltamento. Espero que você tenha sido abençoado por estas breves considerações. Vigiemos para que nosso “avivamento” não se torne em aviltamento a Deus, a quem devemos dar toda honra, toda glória e todo louvor. Como nos diria João Batista: “Importa que Ele cresça e que eu diminua” – João 3:30 Clamemos como o salmista: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” – Salmo 85.6.
SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER
Antônio Pereira da Costa Júnior : Site www.monergismo.com

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

PRECISAMOS NOVAMENTE DE HOMENS DE DEUS

A igreja, neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do Espírito; Deus, sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo.A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto.Esse tipo de liberdade é necessária, se queremos ter novamente, em nossos púlpitos, pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e à humanidade através de motivações elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem do santuário. Esse homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação.Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos. Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os outros dizem e fazem) os conduz a crer no que o mundo espera que eles façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela manhã, com toda a espécie de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová.A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e perseguição pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado.Outra característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos.O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar; portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por esse motivo, ele é alguém completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua terna intercessão por eles.Sim, se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires. Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens.E, quando vierem os libertadores... serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo
A.W. Tozer